02/10/2007
Pra variar um pouco: novela da Globo
Sempre fui grande fã de Gilberto Braga e suas novelas bem escritas, misturando um drama refinado com toques de um eficiente suspense, recheado com mocinhos(as) interessantes e vilões inesquecíveis. Mas confesso que não consegui assistir um capitulo inteiro de “Paraíso Tropical”, principalmente por achar que dessa vez Gilberto passou dos limites com situações exageradas e inverossímeis demais. Contudo, não pude deixar de conferir o tão falado e esperado último capítulo.
Pelo menos o último ato da novela foi coerente com o que havia sido apresentado anteriormente. Tudo foi “over the top”, desde as atuações exageradas de grande parte do elenco até as situações extremamente forçadas e concluídas de forma rápida demais (o que é estranho, considerando que a novela esteve no ar por quase 6 meses, tempo mais que suficiente pra fechar todas as pontas). A começar pela trama principal, isto é, a resolução do mistério “Quem Matou Taís”. O flagrante de Olavo e Jáder, pegos com a mão na massa por Antenor e Daniel, já começou com toques de ridículo, principalmente na tosca perseguição, primeiro a pé e depois de carro. Por que Antenor não deixou policiais esperando pelos vilões na porta do edifício, já que tinha certeza de que ia flagrar os vilões no escritório? Como fizeram Lúcia e Paula ao confrontarem Bebel, aliás - não que isso fosse significar alguma coisa, já que num show de incompetência os policias deixaram que Bebel escapasse. Em seguida, seguindo a ultra batida tendência “seriados policiais americanos”, foi só os vilões se sentirem acuados pra começarem a confessar com orgulho todos os crimes cometidos (seria tão bom se fosse assim na vida real...). E aí dá-lhe um show de maneirismos até do quase sempre brilhante Vagner Moura, que foi tão perfeito em toda novela pra se deixar contagiar pela canastrice dos colegas justo no último capítulo. O único a se salvar foi Bruno Gagliasso, que achou o tom certo de raiva e angústia ao descobrir ser o filho bastardo de Antenor e terminar sua jornada matando e sendo morto por Olavo. O fim de Bebel foi o mais brusco e mal contado, já que ela foi presa para em seguida retornar inexplicavelmente meses depois como amante de um político e testemunha em uma CPI em Brasília (parece que a reprise de sábado teve cenas extras que explicaram melhor essa e outras conclusões da história). Pra não dizer que tudo foi ruim, o reencontro de Antenor e Lúcia foi muito bonito, com um show de Tony Ramos. E até a reconciliação dos personagens Paulinho Vilhena e Patricia Werneck foi bonitinha.
“Paraíso Tropical” foi um sucesso de público (embora tenha tido a menor audiência dos últimos 10 anos entre as novelas das 21h, o que certamente deve dizer alguma coisa), mas do ponto de vista de qualidade dramática deixou a desejar. Se os vilões se destacaram, foi muito mais pela atuação de Vágner Moura, Alessandra Negrini, Camila Pitanga e Chico Dias do que pelo texto, e mesmo o melhor ator do mundo não conseguiria tornar o mocinho Daniel mais interessante ao público (Fábio Assunção fez o que pôde, talvez só exagerando um pouco nos maneirismos). Mesmo Alessandra esteve bem melhor como a vilã Taís do que como a mocinha Paula, tendo o mesmo problema que Assunção. E os exageros de algumas tramas do roteiro incomodaram bastante.
Enfim, pequenas observações para que as próximas novelas sejam bem sucedidas não só na audiência, mas em todos os quesitos.
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