por Rodrigo Haddad
Setembro é o mês preferido dos série-maníacos, porque é quando costumam estrear (nos EUA) dezenas de seriados novos, fresquinhos, todos torcendo pra caírem nas graças do público e morrendo de medo da degola que não costuma perdoar aqueles que não o fizerem depois de dois ou três episódios – também retornam as séries sobreviventes, em novas temporadas tão ou mais aguardadas que as novatas. Dessa vez, aproveitei que estou em férias parciais pra fazer minha lição de casa, e já consegui assistir algumas destas novidades. Quem sabe algum site ou revista não resolve me pagar pra fazer o que atualmente faço de graça, não é? Aqui vão minhas impressões sobre os primeiros episódios que já assisti:
- “Whitney” / “2 Broke Girls” – Estas duas novas séries estão juntas porque (i) são excelentes; e (ii) ambas surgiram da mente da mais nova potencial “musa da TV”, a comediante Whitney Cummings (sigam a moça no Twitter). A primeira, escrita e estrelada por ela, é uma “sitcom” no sentido mais tradicional da palavra (ou seja, com plateia e ”laugh-track”) e mostra as aventuras da personagem-título, que mora há três anos com o namorado (o simpático Chris D´Elia) e tem pavor de casamento. O primeiro episódio é bem divertido e ainda traz de brinde a protagonista vestindo uma fantasia de enfermeira sexy. Já a segunda, escrita por Whitney e pelo criador de “Sex and the City” Michael Patrick King, é simplesmente a melhor dentre todas as estreantes que eu vi. Sou suspeito pra falar da Kat Dennings – acho ela incrível desde “Nick & Norah – Uma Noite de Amor e Música” – e sabia que a série seria boa mesmo se fosse ruim, só por causa dela. Mas, além de ser realmente boa e de ter os diálogos mais inspirados dos últimos anos, os produtores conseguiram a proeza de encontrar uma parceira à altura de Kat: a loirinha Beth Behrs. Max (Kat) é a jovem batalhadora que trabalha como garçonete no Brooklyn pra pagar as contas; Caroline (Beth) é a patricinha rica de Manhattan que se vê obrigada a trabalhar quando o pai é preso por dar um golpe financeiro e tem todos os bens congelados (qualquer semelhança com Bernie Madoff não é mera coincidência). Caroline vai pro Brooklyn, afinal é o único lugar onde ninguém a conhece, e claro que vai trabalhar justamente no café de Max – e ao final do piloto elas acabam morando juntas (e com um cavalo no quintal). Sensacional! Whitney: Nota 8 – 2 Broke Girls: Nota 9
- “New Girl” – uma das séries mais badaladas e aguardadas da temporada, afinal é estrelada por ninguém menos que Zooey Deschanel (“(500) Dias Com Ela”), a musa dos filmes “independentes” estreando na telinha. E ela não decepciona – ao contrário, esbanja a sua tradicional “adorabilidade”, no que é ajudada por ótimas piadas e pelos três simpáticos co-astros Jake Johnson (que eu aposto que vai ser o primeiro a cair nos encantos da mocinha), Max Greenfield (o babaca de bom coração) e Damon Wayans Jr. (o atleta insensível, que infelizmente é substítuído pelo ator Lamorne Morris do 2º episódio em diante). O plot: Jess (Zooey) acaba de ser traída pelo namorado e vai dividir um apartamento com três caras que ela não conhece. As diferenças entre os quatro e como cada um aprende a conviver com o outro parecem que serão os grandes temas da série. Nota 8,5
- “Free Agents” – este remake de uma série inglesa homônima foi uma das grandes surpresas dessa primeira semana, já que eu não sabia quase nada dela exceto os protagonistas: Hank Azaria, um ator que sabe como poucos passear por todos os gêneros, vide o drama “Huff”, as comédias “Mad About You” e “Os Simpsons” (onde ele é um dos dubladores fixos) e o musical da Broadway “Monty Python´s Spamalot”; e Kathryn Hann, a eterna “melhor amiga da protagonista” (“Como Perder um Homem em 10 Dias”, “De Repente É Amor”). O piloto começa com os dois na cama, logo após uma noite de sexo. Na manhã seguinte, descobrimos que eles trabalham juntos, em uma agência de Relações Públicas, e que ele é recém-divorciado e ela perdeu o noivo há mais de um ano. Ambos sabem que começar um relacionamento nessas situações é uma péssima idéia, mas quem disse que as coisas são simples? Além do casal central, os coadjuvantes também ajudam a tornar a série ainda melhor, com destaque para Anthony Stewart Head, que faz o dono da agência e duplica a alegria dos fãs de “Buffy, a Caça-Vampiros”, já felizes com a volta de Sarah Michelle Gellar à TV (vide “Ringer” adiante); e pra gatíssima comediante Natasha Leggero, que faz uma secretária mordaz. Nota 8,5
-“Up All Night” – Essa eu confesso que me decepcionou um pouco, embora esteja longe de ser ruim. É que o calibre dos talentos envolvidos é tão alto que talvez o material não esteja à altura deles (tomara que eu esteja errado). Produzida por Lorne Michaels (“Saturday Night Live”, “30 Rock”), a série é sobre um casal que acaba de ter um bebê e precisa se adaptar ao novo estilo de vida. Ela (Christina Applegate, de “Samantha Who?” e “Um Amor de Família”) é produtora de um talk-show estilo Oprah, cuja apresentadora é a diva interpretada por Maya Rudolph (ex-“Saturday Night Live”); ele (o hilário Will Arnett, de “Arrested Development” e “3o Rock”) decide abrir mão da carreira pra ficar em casa cuidando do bebê enquanto a esposa volta ao trabalho. O piloto é engraçadinho, mas como disse antes eu esperava tanto que acabei um pouco desapontado. Nota 7
-“Ringer” – A aguardada volta da eterna Buffy, Sarah Michelle Gellar, à TV tinha tudo pra ser um novelão mexicano, mas é bem interessante. Ela faz irmãs gêmeas: Bridget é uma ex-stripper e ex-alcoólatra que testemunhou um crime e tem que fugir de um gângster que quer matá-la e de um agente do FBI (Nestor Carbonell, o Richard de “Lost”) que quer que ela deponha contra o bandido; Siobhan é uma dondoca que vive com o marido (Ioan Gruffrud, de “Quarteto Fantástico”) em uma cobertura em Manhattan e aparentemente tem uma vida maravilhosa. Só aparentemente, porque no primeiro encontro das irmãs em anos Siobhan se suicida (também aparentemente, vale dizer). É tudo de que Bridget precisava: ela assume a identidade da irmã pra tentar se proteger - mas também descobre que o casamento dela era quase de fachada e que ela era amante do marido da melhor amiga. Confuso? Por escrito é mais que na tela. Sarah está ótima e a série tem doses suficientes de suspense e de ação – além de um leve toque kitsch que lhe dá um tempero especial. Vale a pena conhecer (lembrando que dois episódios já foram exibidos). Nota 8
-“Unforgettable” – a melhor coisa desse novo “crime procedural” é a volta à TV de Poppy Montgomery (“Without a Trace”), dessa vez em versão ruiva e mais gata do que nunca – e não atrapalha nada o fato de o elenco ter ainda o ótimo Dylan Walsh (o Dr. Sean McNamara da saudosa “Nip/Tuck”). Ela é Carrie, uma ex-policial que tem uma síndrome rara chamada hipertimésia, uma espécie de “amnésia às avessas” que permite que ela se lembre com incríveis detalhes de qualquer imagem que tenha visto na vida (exceto um episódio traumático da infância, que ao que tudo indica vitimou a irmã dela e que provavelmente será o grande mistério a ser desvendado durante a temporada). Claro que esse dom é extremamente útil pra uma detetive, e embora ela tenha abandonado a carreira quando a série começa, obviamente irá retomar o antigo posto e ajudar o policial (e ex-namorado) vivido por Walsh a desvendar crimes em Nova York. Nota 7
- “The Secret Circle” – a nova série que une o roteirista de “Dawson´s Creek”, Kevin Williamson, e a autora dos livros que inspiraram “The Vampire Diaries”, L. J. Smith, tem tudo pra agradar no mínimo o público jovem. A mistura de adolescentes e o sobrenatural (neste caso bruxas) vem sendo bem sucedida, então por que não, certo? O primeiro episódio é bacaninha, mas ainda não me ganhou totalmente – até aí, também não me empolguei muito com o início da série dos irmãos vampiros mas depois não consegui parar de assistir. Aqui, Cassie (Britt Robertson, de “Life Unexpected”) perde a mãe em um incêndio e vai morar com a avó em uma cidadezinha, onde descobre que é uma bruxa e que deve unir poderes com mais cinco colegas – todos são filhos de bruxos e um grande mistério envolve os pais deles, que incluem Natasha Henstridge (“A Experiência”, “Eli Stone”) e um sinistro Gale Harold (“Desperate Housewives”, “Queer As Folk”). Pelo menos as meninas são todas gatas. Nota 7